terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Memórias




Quando olhava os trôpegos velhinhos trémulos no andar rumo ao sol-posto, lembrava-lhe os caminheiros sozinhos com o cansaço estampado no rosto. Nas noites calmas vigiam, acordados, o luar que lentamente desaparecesse, revivem dos tempos passados os sonhos que a mente não esquece. Solitários nas escuras noites sem sono com memória quase esgotada e gasta, são como folhas caducas no Outono  perdidos nas recordações primeiras com o pesado corpo que se arrasta empurrado pelas forças derradeiras. Recordava com nostalgia como os dias corriam lentos na sua juventude eterna, parecendo parados nos tempos tal era a placidez amena do relógio no tempo ritmado que marcava a hora serena num compasso matraqueado! Como rolavam, como calmo mar em que as ondas beijavam areias duma praia ainda morna do sol, com corações que batiam apressados no calor da chama que os animava com sonhos pelo amor abrasado, em que os corpos se casavam lençol da areia fina deitados. Como lembra os perfumados campos tintos de silvestres flores e de negras amoras maduras, que emolduravam os quadros naturais com multicolores enfeites e cores que faulhavam e cintilavam nas dunas no silêncio e sossego ,onde só o murmurar das fontes ,o longínquo cantar dos pássaros morava naqueles ermos montes. Como se escoavam as tardes rosadas no entardecer de panorâmico encanto, quando o astro rei dava o último sorriso antes de recolher ao seu nocturno leito nos braços de Morfeu adormecidos pelas deusas do paraíso embalado reparava as forças e o sono perdidos.