Caminhando no imaginário da ilusão de um dia encontrar o que não existe, e nunca existiu. E caminha lenta e penosamente olhando o horizonte, toldado pelo sol que lhe fere a visão e lhe acalenta a esperança aquecida no final do dia tão triste e tenebroso como todos os outros que o antecederam.
Vê tanto, que nada consegue ver, e menos ainda imaginar que tanto sofrimento, mais tormento lhe causará. E caminha pelas esteiras deitadas servidas para corpos cansados e entristecidos olhando o horizonte sem nada nele verem, apenas uma linha sem fim, que eterna parece, com o espírito empobrecido cansado e oprimido de tantas vidas ver desfeitas em sonhos sonhados de tantas alegrias feitas tristezas, de promessas vãs, estas de certeza. Certeza alguma de alvitrar, pois é coisa de doutores. E ele, exausto, não doutourado, apenas a escola da vida, que lhe nega e foge, qual animal assustado por ter sido escorraçado, de uma côdea mendigar.
Fartas mesas adoutouradas, carregadas de papéis de contas mal contadas, servindo de leito para orgias, e barrigas cheias de ócio e mal dizer. Porcas também, as barrigas, de tanto chafurdo comer, arrotando em porcas bocas, que bem-falantes são, se assim determinar a ocasião…mas em casa, em casa nada de tesão…mansos e aparvalhados são.
Gira a terra, em volta de gente gira, aproveitada por girassos feitos palhaços, que a fodem a seu bel-prazer, pois às suas mulheres não o conseguem fazer, sendo tarefa doutrem sem desdém.
E caminhando vai, sem cair por tal velocidade a terra não permetir, permetindo apenas que mentindo usurpando os poderes conferidos, a tirem do redondo chão e, dela façam o seu próprio caixão, feito de madeira de pinho, coisa fina pois então e os sinos arrebate, arreabatados ficam de tanto empobrecimento d’almas gémeas, feitas repteis de veneno mortal, lançado em todas as direcções, ou não, apanhando somente os que não se enroscam em colarinhos brancos, e apêndices pendurados em insufláveis pescoços, tendo estes o antídoto de se livrarem do mal…ámen!
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18 comentários:
Epá. Seco e crú. Muito bom.
Amen
Folgo por gostares ;-)
Bj*
Vitor
Linda tua Oração à "Triste gira terra".
Excepcional a forma poética como está escrita essa procura, ao longo de um caminho que parece simples
e é tão difícil...
Continua a orar dessa forma e não de outra, no sentido desta Terra
ser, suficientemente, amada e nesse amor, venha a salvação deste Planeta que é a nossa casa.
Obrigada Vitor, por te encontrar no poema "Venho de Longe"...
Beijos,
Mª. Luísa
A terra gira...mas os homens tendem a querer fazê-la parar!
É triste.
Abraço forte
O teu estilo inconfundivel de passares para a "pena" o que bem te apetece,agrada-me.
beijinho
Haja fôlego para um pensamento tão constante! Muito bom!
Beijos.
Tu incomodas,tu incomodas...mas a mim nada mesmo.
B.A.
Terra de alguns,porcos...não de todos,felizmente!
"Gira a terra, em volta de gente gira, aproveitada por girassos feitos palhaços, que a fodem a seu bel-prazer, pois às suas mulheres não o conseguem fazer, sendo tarefa doutrem sem desdém."
Está genial esta passagem!!
Sabes, Vitor? Tenho para mim que o Homem tem medo da terra. Por isso passa a vida inteira a tentar dar-lhe a volta. a tentar suprepor-se-lhe... oh pobre ser que a terra há-de comer!!!
Adorei!
Bjs!
Maria Adães:Por vezes um pouco de inspiração,por aqui!
Bj*
Mano:É mesmo...é mesmo!
Abraço
P.Moisão:Também me agrada...;-)
Bj*
Juci Barros:Obrigado...se assim achas!
Bj*
B.A.-Ainda bem!
Lala:Gostei que gostasses!
Bj*
...Há quem a faça quadrada para tentar que caiamos em desiquilibrio...vai tentando que continue redonda,Vítor.
Abraço
J.Filipe:Vou tentando pois!
Abraço
As tuas palavras parecem rodar também, têm muito ritmo, e fazem-nos sentir o movimento da terra.
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