Quando pela primeira vez ali chegou,deparou-se com uma majestosa árvore,que irradiava sombras apeticiveis,onde ele e muitos outros por ali se agrupavam,protegendo-se do calor tórrido daquela tarde de verão.Dava paredes meias com o edificio, que mais parecia uma fábrica de tijolo,que própriamente uma unidade hospitalar,onde iria passar os tempos mais próximos,de agonia,diga-se!Pela porta contígua à frondosa árvore,entra uma menina,que pela aparência, pouco mais tinha que uma vintena de anos, com olhar doce e assustado.Alguns olhares seguiram-lhe os passos,pois tinha um andar elegante,quando um dos "seguidores",retorquiu:É a nova psicóloga! Transparecia a ideia em conversas de ocasião que o curso que recentemente tinha terminado, mais tinha sido imposto, que feito por vontade própria. Sorriso roborizado,era assim que ficava quando a conversa descambava para assuntos de foro íntimo, com algo de escaldante pelo meio, e de difícil explicação.Destinaram-lhe o primeiro paciente.Foi para casa,pensativa, uma longa noite sem pregar olho,antecedeu o raiar de um lindo dia,o primeiro,o que era mesmo a sério.A ansiedade tomou conta dela atingindo niveis preocupantes,ao aproximar-se a hora do seu primeiro verdadeiro teste.Foi à sala onde rostos tristes e olhares sem expressão,aguardavam pela mesircórdia de alguém que os tirasse daquele sofrimento atroz.Chamou por quem lhe tinha caído em sorte.Não destuava dos demais,triste e ausente deste mundo, olhar vazio,cabisbaixo, como se de corcunda tratasse,mas não,era tão só o peso da alma,que teimava em lhe tolhar o raciocinio.Mas de imediato reconheceu a doutora de passadas elegantes,era mesmo ela,pensou!Que sorte, deus meu,pelo menos é vistosa,e tem ar simpático,a contrastar com as demais. Desviava o olhar, como que aliviando o incomodo de quem à sua frente tentava desesperadamente encontrar respostas e, acima de tudo soluções para os males que lhe afligiam. Eram de franca tensão e embaraço aqueles primeiros minutos na horrivel sala,feita consultório, a muito custo e de forma lenta o gelo se ia quebrando, chegando ao fim da sessão com muito pouca progressão na resolução dos problemas da desesperada criatura. Esta,e apesar de já pouco perceber o que à sua volta se passava, rapidamente chegou à conclusão, que lhe tinham impingindo uma estagiária, por acharem e através de prévia consulta, que o seu problema era um mal menor não necessitando de cuidados de maior, e como tal uma óptima cobaia para dar traquejo e experiência à recente doutorada. As consultas continuavam com avanços e recuos, mas cada vez o desespero era maior da inexperiente doutora que se via num mundo que não tinha escolhido,e como tal, pouca aptidão para o desempenho de tão dificil missão.Estava completamente em pânico,por se sentir impotente de não conseguir contornar com êxito a missão que lhe estava destinada,desanuviar e aliviar os males que iam na alma daquele pobre coitado.Este em desespero de causa tentou junto de quem de direito, que o encaminhassem para alguém mais experimentado,e por ventura que o ajudasse verdadeiramente na resolução dos medos que o afligiam. Pois sentia que cada vez o poço tinha mais água,e abismal era a fronteira até à superficíe, e quão difícil seria manter a cabeça à tona de água, e por consequência escalar tão difícil obstáculo até terra firme,para que ficasse em paz consigo,e Seu semelhante, mas em vão.Invariávelmente lhe diziam que não tinha nada que opinar, e que estava muito bem entregue e em boas mãos,e caso assim o entendesse poderia mudar de instituição.Pensou?Como assim?Se demoraram um desesperante ano para conseguir vaga ,se partisse para outra,morreria antes que tal conseguisse.Deixou-se ficar por ali,na esperança que melhores dias haveriam de vir.Nunca tão enganado. Cada vez mais se agudizava a sua relação com a noviça na função, de tal forma que as sessões começavam mudas e acabavam caladas,passando a ter problemas acrescidos pela incompatibilidade com drª, sem que alguém fizesse alguma coisa para inverter a situação. Era insuportável o ambiente naquela sala,a mesma de sempre, muito devido ao silêncio ensurdecedor dos opositores, pois era nisso mesmo, que se tornaram, opositores. Até que um dia, já em pleno inverno, e depois de muitas frustradas sessões, e sem vontade alguma de se abrigar na majestosa e frondosa árvore,comprindo o ritual habitual , esperando a sua vez para o tal suplício, resolveu os seus medos, tormentos, e problemas insuluveis. Usando a ramada mais robusta,aquela que tantas vezes o tinha abrigado do tórrido sol de verão, e rápido como o relâmpago que se fez sentir pela forte tempestade,qual mensageira do inverno que se apróximava,fustigando os arredores, camuflado pelo brilho intenso que este produziu,cegando quem por perto se encontrava, usando o velho cascol que o acompanhava, comprido o suficiente para abraçar pela última vez a centenária arvore, e com o nó apertado em volta do pescoço, os seus problemas resolveu!Outros partiram também!O inverno despediu-se!
...E por lá "alguém" ainda continua,pois a majestosa árvore continua a dar-lhe a "sombra"necessária!
...E por lá "alguém" ainda continua,pois a majestosa árvore continua a dar-lhe a "sombra"necessária!
6 comentários:
Gostei bastante da história, excepto do fim, por isso resolvi alterar, se me permites. Ano novo, vida nova. (continuação do comment no meu blog)
A história não tem retorno...sempre assim foi!Mas claro que podes alterar a teu belo prazer...estás num espaço livre!
Boas festas!
E tenho a certeza que, o prazer da tua amizade, viajou com sua alma até ao destino final....
Pena só,de não ter sido a ministra da saúde...nem deve conhecer essa,nem outras instituições hospitalares...com todo o respeito pela personagem do história.
Abraço
Uma história triste com um final ainda mais triste, Vítor. Essa história, real segundo me disse,não tem, efectivamente, retorno... e essas opções nem sempre são conscientes. Aparecem, muitas vezes, mascaradas de solução e assim são encaradas por quem se decide por elas. Mas há sempre outras soluções, Vitor. Sempre.
Um grande abraço.
J.Filipe: Não desejo assim tanto mal à ministra…!
Nice: quando alguém morre, é sempre trágico…e sim, levou alguma da minha amizade!
Maria João: claro que há sempre outras soluções…mas ele assim não o entendeu…e muito menos entendeu quem o poderia ajudar!
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