sábado, 23 de abril de 2011

Amêndoa Amarga

…Do outro lado se cansaram do seu viver e sem mais delongas se afastaram como de lerpa se tratasse e fossem morrer. Canto seu, e no seu canto paira um encanto quão desmedido e amiúde desmentido.


Páscoa sem amêndoas quem se importa, o doce amargo de um trago de seca saliva em lábios destorcidos de tanto espanto por feitos impensados acrescidos de muita tortura em face dura, na luta desigual entre o bem e o mal.

Em barba branca se esconde e esconde o doloroso traço do bisturi em sacagem de tão arreiçado bicho que lhe consume o tino, quiçá também o destino.

Entre isto e aquilo, e mais o estranho da escuridão e solidão, palpites se dão como se de criança fosse e tivesse mole coração…-cuitadito, não morrerá do mal, do bem morrerá, por tantas em ansiedade de ocupar espaço à pouco desocupado… a luta sem igual e desigual continua em dias de esperanças poucas, outros nem tanto assim…por gente boa haver e ter em seu querer acreditar que tudo vai acalmar, a tempestade passar e a bonança voltar.

Em Santa Maria navega na esperança qual criança em sonhos seus, em homem feito ateu, que a Santa passe em seu festivo altar e não pare em encomenda de corpo seu.

Quarto vazio de menina da sua paixão, rolam as lágrimas envoltas em recordação de paredes vazias pairando a áurea de tanta emoção.



Tenho saudades de ti, e de mim também

Saudades do que não chegou até mim, parece que estive no além

Perdi o que tive à mão

Sem saber porque razão

Um dia vou saber, ou talvez não

A saudade magoa tanto

E tanto magoa, que ficamos em pranto

E sim, talvez não creias, mas amo-te tanto

Tanto te amo, que acredita, por ti daria vida

Sempre foste a razão do meu ser, só tenho olhos para ti, amor da minha vida

Estás longe, e tão perto, que me dói o coração de saudades tantas

Cresceste tão depressa, que não me deste tempo, de te dar o tempo que tanto querias

O destino não tem compaixão, de quem deixa fugir o amor do seu coração

Mas, coração meu, embora não pareça, és a minha paixão

E um dia, qual dia, havemos de viver em perfeita comunhão

Ao olhar as estrelas, pergunto-me, qual a razão?


Estava com saudades tuas, amor do meu coração!

terça-feira, 22 de março de 2011

SABES PAI ...!!!???





…Nunca fomos dados a datas

Nem esquecidas e lembradas

Apenas e só amarmo-nos mutuamente

Tão-somente com o coração, eternamente

É bom ter-te assim, simplesmente

Sem cobrar coisa alguma

Discretamente uma vida inteira

Serás sempre o meu ídolo

Por muito que arranjem um tal antídoto

Caminharemos sempre lado a lado

Nada nem ninguém nos impeça

Mesmo que pareça coisa tola

Há quem não pense desta maneira

E compre o amor com peneira

Fazendo da vida uma asneira

Tão somento à sua maneira

De forma  fria e distante

Como uma coisa estanque

Por quem lutei uma vida inteira

Em vão,abrindo de tudo a mão

Como se tudo fosse ocasião

Deixando gentes em solidão

Perplexos,em meditação

E por quem tu,pai,sofres e de que maneira

Um dia talvez, talvez um dia

A nossa menina

Volte à origem devida

De coração aberto a  perdoarei

A ela,só mesmo,a outros não o farei

E tão feliz ficarei

Como um principe,e tu pai,um rei


AMO-TE PAI


segunda-feira, 7 de março de 2011

Passadas do passado

Em tempos plantou esperanças pelos caminhos que alegraram o viver,  tristeza e espinhos misturados com dor e sofrer. Fez promessas não vividas em estranhas palavras loucas, com lágrimas enternecidas no reviver de coisas poucas. Teve desejos inocentes que se perderam sem glória, misturadas com paixões ardentes que morreram sem história. As surpresas e desenganos num caminhar de águas mansas, envolvidas em sofrimentos desumanos confortados com breves esperanças. Em peito seu  moram cravos que não cessam de chorar, tintos de sangue e escravos, cansados do longo caminhar. Em  garganta sua  ecoam  gritos soluça o desejo da loucura,porfiando agoniza a sós os espinhos da amargura. Em olhos seus chora a dor da crua mágoa silenciosa, fonte duma paixão sem amor, pranto de vida que não harmoniosa. Em  braços seus se cruzaram sonhos em sorrisos de alegria e emoção, aos ventos de terra sua perfumados de urzes e alecrim que pelos contrafortes dos caminhos odorizam montes sem fim. Olhou eternecidamente as águas cristalinas  inundadas de melodias, de tempos felizes que lhe fizeram os dias. Passeou finalmente em sonhos de infância sua do jeito que o alegravam, quantas ilusões de criança nas fantasias que o encantavam...envolto em penumbra sua com passadas apressadas,se despediu do presente,se deliu no passado,ficando eternamente ausente.

sábado, 5 de março de 2011

Bácoro

Senhor, levais uma vida de esgoto
Tão imundo quanto um escroto
És realmente um porco
Que te alimentais de tudo um pouco

Pensais até que de um mandarim
Que de bobo se fazei
Para gáudio de vós, pensais assim
Cuidando tendes que ter, tal pensamento vos matai

Há vossa volta te serve um jardim
Com odor a jasmim
Nele plantado uma flor
Que serve, e vos serve com desprimor

Um dia, a chuva terá fim e vos murchará o pudor
Secará o terreno envolto, com suave cheiro a alecrim
Tão petrificado ficarais, tão agonizante o odor
Não tereis salvação, no esquecimento ficareis assim

Nem as cinzas vos servirão
Para alma encomendada em oração
Pois em vida nunca demonstrásseis alguma compaixão
Prova disso será, na extrema unção


Levais contigo segredos, que julgais nunca contados
Enganado estais, e nunca o saberás
Por alguns contados sim, por tanta afronta e desencantos
Te perdoará talvez Ele, não tanto  Satanás

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Memórias




Quando olhava os trôpegos velhinhos trémulos no andar rumo ao sol-posto, lembrava-lhe os caminheiros sozinhos com o cansaço estampado no rosto. Nas noites calmas vigiam, acordados, o luar que lentamente desaparecesse, revivem dos tempos passados os sonhos que a mente não esquece. Solitários nas escuras noites sem sono com memória quase esgotada e gasta, são como folhas caducas no Outono  perdidos nas recordações primeiras com o pesado corpo que se arrasta empurrado pelas forças derradeiras. Recordava com nostalgia como os dias corriam lentos na sua juventude eterna, parecendo parados nos tempos tal era a placidez amena do relógio no tempo ritmado que marcava a hora serena num compasso matraqueado! Como rolavam, como calmo mar em que as ondas beijavam areias duma praia ainda morna do sol, com corações que batiam apressados no calor da chama que os animava com sonhos pelo amor abrasado, em que os corpos se casavam lençol da areia fina deitados. Como lembra os perfumados campos tintos de silvestres flores e de negras amoras maduras, que emolduravam os quadros naturais com multicolores enfeites e cores que faulhavam e cintilavam nas dunas no silêncio e sossego ,onde só o murmurar das fontes ,o longínquo cantar dos pássaros morava naqueles ermos montes. Como se escoavam as tardes rosadas no entardecer de panorâmico encanto, quando o astro rei dava o último sorriso antes de recolher ao seu nocturno leito nos braços de Morfeu adormecidos pelas deusas do paraíso embalado reparava as forças e o sono perdidos.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Meditando

Por aqui me passeio pela força da natureza

De preto me visto no pensamento,

Ao olhar o infinito,tenho a negra visão da clareza.

Em humano triufante glorificado,eternamente,

Como a criança atraída pela beleza

Fascinado revolvo Universo distante.

Voando com asas de Condor

Na luz das estrelas,penso um instante,

Recordo a terra com dor.

Frenética batalha trava a ciência

Com a suprema força que domina

Todo o Cosmos que pela inteligência,

As estrelas olha no escuro universal.

Distantes da Terra no universo brilhando,

Olhos perdidos no infinito astral

Que lenta descoberta vai desvendando.

Humanos nos torna e parte divina

Eterno ingénuo o homem medita,

O Natural e Divino que o atormenta

Na viagem buscando origem infinita,

A luz da esperança que o alimenta.

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Maria

Maria embranha-se na neblina em manto acolchoado real e nupcial.Com o romper do sol a beleza torna-se encanto,alindando a manhã bordada a cristal.Presa nas ervas que cobrem outeiros, ergue-se ao sol em concha rutilante,afagando os suaves matinais nevoeiros.
Maria ao passar as colinas,torna-as em tons esverdeados diluídos na luz que passa entre silhuetas esbeltas.Maria mãe natureza acorda de sonhos encantados,o mundo agita-a na euforia das gentes.Pairam as nuvens meigas e ligeiras em cabeça sua,como ténue véu que lhe beija os pés.Espreita-se ao sol que pelas ladeiras desce lentamente dos cumes aos sopés,cansando Maria  seus pés,de tanto calcarrear,e aos sete ventos cantar melodias de encantar .Maria olha o casario no vazio do mundo feito de nós amontoados em novelos,em surdina murmura o ribeiro profundo libertando  agruras feitas de pesadelos.Maria ouve-se nos outeiros e nas quebradas ternas melodias entoadas por cantores feitos passarinhos,lembrando cancioneiros e trovadores.Maria entrelaça-se nos píncaros como teias,no silêncio absoluto e avassalador,arrumando os pensamentos e as ideias,quebrando as amarras da vida interior.Maria abre as grilhetas do acorrentado viver,admirando os confins de paisagens belas,esquecendo-se do mundo  no sofrer mergulhado.Maria tem vivência dura construída de  ébrios sonhos da beleza que enche a imaginação,gozando a montanha que se ergue altiva,quanta tristeza lhe escapa com emoção na fuga à realidade passageira e furtiva.E Maria,sempre Maria,e mãe da natureza eternamente, ouve melros e pardais,e outro passarinhos que tais,procurando seus ninhos nos outeiros, e também nos arrozais.No simples nome de Maria,encanta ventos,mares e maresias vindos das profundezas dos oceanos,encantando e cantando,Avé Marias até!

E Maria,simplesmente,sonhou um dia ser mãe nem que fosse por um dia.de um qualquer trovador,porque eternamente mãe da natureza será com muita paixão e amor.