sábado, 31 de julho de 2010

Lá no céu...!!!

…Ti António em tempos idos, lidava com a vida, como quem embala uma petiz perdida de sono, depois de uma tarde de travessuras. Coisa fácil para ele, por entre a vida e a petiz. Enumerava a família a sua dedicada esposa Manuela, companheira de muitas batalhas ganhas, muito poucas perdidas. Eram unha com carne, família feliz pois então. A petiz cresceu, e com ela um dom que Ele fazendo dela sua descipula, ao mundo espalhava.Amor, paz, carinho e muitos outros adjectivos que por aqui não cabiam neste escrito cantinho. E um dia, num mau dia, uma notícia ainda pior.Manuela no seu corpo de mulher trabalhadora, tinha entrado um “bicho”, que a haveria de comer lentamente, restando muito pouco para que a terra de banquete fizesse de tão frágil figura, outrora figurão de senhora mãe, esposa. Mas antes de tal, ti António e a sua petiz, fruto do amor com Manuela, tudo fizeram para que a terra tão cedo não fizesse a última morada da infortunada. Reza a história que em desespero de causa, a Deus se agarraram com mais força, pois nunca o largaram vez alguma, para que o fim que se avizinhava não tivesse tal fim. A petiz se ajoelhou em frente do leito onde já em últimos suspiros, Manuela se despedia desta vida de canseiras, rezou, suplicou para que Ele não lhe levasse a sua querida mãezinha, pois tão nova ainda, tanto tinha para à vida dar, felicidade ao companheiro António, amor infinito à sua herdeira de tão-somente afectos muitos…em vão, ele resolveu mesmo levá-la, talvez porque entendesse que tinha chegado a sua hora, embora não merecida de tão cedo. Ti António, deixou de se levantar de madrugada, para das galinhas tratar, o apetite perdeu em menos de nada, já não andava, apenas se deitava olhando para o infinito procurando sua amada. Não duraria muito por este caminho, e talvez fosse esse o seu desejo, de já não ter desejo de coisa alguma, até mesmo o de amar. Mas a petiz feita mulher, e com o tal dom Q’Ele lhe destinou, lembrou! -Paizinho, sou fruto de ti e da mãezinha, que entre nós continua com sua imensa alma e espírito cheio de luz, e connosco continuará até que nos juntemos um dia, novamente em harmonia, lá no céu, no seu lugar, que reservado estará para nós. -António pai não só da menina feita mulher, mas também de um enorme carácter, olhou docemente para aquela luz em forma de mulher, disse para si, segredou para o ominipresente,e assim deste modo, exclamou! Vou continuar a tratar das galinhas, da minha galinhazinha preferida, tu minha querida petiz, e só irei quando Ele quiser e achar por bem…mas que fique bem claro: não mais ninguém amarei, porque só tua mãe amei, nunca a trocarei por ninguém…

…E Ti António lá continua olhando o céu, em francas conversas com a paixão da sua vida, a Manuela…cuidando das galinhas…e da sua galinhazinha, olhos de sua mãezinha...consta também que sempre em sua luz radiando e feito caminho, à conversa mantém mesmo para além do além,com sua mãe,a petiz feita mulher.

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Sem ponteiros...o tempo!

Mãos rudes do arado agarrar, por tantas terras lavrar, e o sol a brilhar na velha prata trabalhada em fino recorte, como se a um fidalgo pertencesse o relógio, feito para voltas e voltas dar sem cansar. De fidalgo apenas tinha o cão, que o nome herdara de uma fidalga, mãe sua, de descendência canina, pois então, não de família, mas porque o velho abegão assim resolveu lhe chamar. Horas cansadas a olhar para o tempo, e o tempo passado a olhar para a prata dos velhos ponteiros sem parar. E Eram tantas as horas passadas sem que as horas contassem como o tempo. O relógio andava ao ritmo da vida, voltas e mais voltas, acabando sempre por dar as mesmas novas ou velhas de tanto olhar, já tudo lhe parecia nem novo nem velho, apenas lhe parecia que o relógio já nem horas dava.Limitava-se a andar, à volta do pulso preso por uma velha pulseira de cabedal, que lhe recordava quão fortes tinham sido em tempos idos, não tantos assim, pois os ponteiros ainda por lá rodavam, e sempre na mesma direcção, que nem assim o orientavam em certa direcção. Caia sempre para o lado errado, ou errado estava o lado para onde caia, e nem sequer tinha a ver com o ébrio, sóbrio, ou embriagado de uma vida de canseiras, tormentas e bebedeiras de tanto suor lhe escorrer pelos lábios cerrados e revoltados com a sina que lhe havia calhado em sorte sua sem sorte de tanto amargo cismar e não ter vontade de amar coisa alguma. Mas com os ponteiros sempre a girar, sem parar, e tanta vontade tinha ele de não mais o olhar, os ponteiros a girar. Tantas horas e voltas sem parar, uma vida inteira sem eira nem beira, um relógio cansado de trabalhar, e ele, de tantas voltas lhe dar para que um dia não voltasse a parar…e parou! Não por falta de pulso onde acasalar, com os ponteiros sempre a andar, mas já em mão morta a trabalhar…o relógio!


A enterrar foi, não o contador de horas, que esse fanou o coveiro, quando distraído estava o fidalgo, nobre cão que em horas de aflição, doença ou compaixão nunca largava o abegão…e tão emocionado estava o canino com a morte de seu dono, que não reparou no surripiar do contador de tempo de tantos tempos, porque se assim não fosse, o velho dono a terra o comeria com horas e o coveiro ficava sem mão, de ladrão…assim lhe contou seu avô ao calor da braseira numa noite longínqua de serão…e o velho relógio lá continua pendurado, andando cansado sem parar, na pequena bolsa do jaquetão do coveiro…ladrão!

domingo, 4 de julho de 2010

...Porque não quer...sei lá porquê?

…De Génio tem um pouco
…E muito também de louco
…Mas que bem faz de tudo um pouco

…De o ler, se aprende a escrever
…E por consequência, a bem entender
…O quanto é importante, ler, ler e, ler

...Histórias de encantar
…Contos de pasmar
…Passagens de fantasiar

…Bem que poderia ser
…O que muitos pensam ser
…É modesto, não lhe está no  ser

…Entre o céu e a terra
…Faz do tempo uma pressa
…Mas sempre com uma boa conversa

…Com carisma de altivez
…Sabe-se lá porquê, não quer que chegue sua vez
…De ser um génio português